Informações e links úteis sobre o vírus SARS-CoV-2 e a doença COVID-19
Atendendo à emergência de saúde pública de âmbito internacional, declarada pela Organização Mundial de Saúde no dia 30 de janeiro de 2020, bem como à classificação do vírus como uma pandemia, no dia 11 de março de 2020, importa mantermo-nos devidamente informados e acautelados para este importante desafio que nos é imposto.
O Planetário - Casa da Ciência de Braga Centro Ciência Viva compilou informações importantes e fidedignas e links úteis para dissipar potenciais dúvidas e esclarecer o nosso público.
O que é um vírus?
Um vírus é um microrganismo que não se consegue reproduzir por si só. Podemos chamá-los de pequenos parasitas que precisam de hospedeiros para se reproduzirem. Quando um vírus infecta uma célula todos os seus processos passam a ser encaminhados no sentido de produzir mais vírus, de forma a infectar mais células.
O que são os coronavírus?
Os coronavírus são uma família de vários "tipos" de vírus que podem causar doenças a animais e a humanos. Alguns destes vírus são já conhecidos, como o MERS (Síndrome Respiratória do Médio Oriente) que pode causar uma constipação comum, ou o SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) que pode provocar insuficiência respiratória progressiva grave. O coronavírus descoberto recentemente causa a a doença COVID-19, ou seja, doença pelo coronavirus-19, como referência ao ano que foi descoberta.
O que significa SARS-CoV-2 e COVID-19?
SARS-CoV-2 é o nome do novo vírus, do inglês Severe Respiratory Acute Syndrome, Síndrome Respiratória Aguda Grave, o coronavírus–2. Esta nomenclatura foi atribuída ao novo vírus porque já existia outro coronavírus que causa uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (o SARS-CoV).
COVID-19 é o nome da doença infecciosa causada pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus descoberto em 2019. É importante referir que este novo vírus era desconhecido antes do seu surgimento em Wuhan, na China em dezembro de 2019.
Porque é que este vírus é "diferente" e como apareceu?
Ainda não se sabe ao certo qual a origem deste novo vírus. No entanto, sabe-se que tal como outros vírus desta família e outras, algumas espécies de animais selvagens servem como hospedeiros, sendo os reservatórios naturais do vírus.
Por exemplo, sabe-se que os morcegos são hospedeiros de vírus como o SARS-CoV e o MERS-CoV e o ébola (outro tipo de vírus) e que podem infectar (directa ou indirectamente) outras espécies de animais selvagens ou até mesmo humanos. Quando doenças causados por vírus ou outros microrganismos, que têm como hospedeiros animais, são transmitidas para os humanos chamamos de zoonoses.
Sabe-se também que a transmissão do vírus SARS-CoV (surgimento em 2003) está associado às civetas (espécie de mamífero comum na Ásia e África) e que o vírus MERS-CoV é transmitido pelos dromedários - hospedeiros intermediários.
Em relação ao novo coronavírus, com origem em Wuhan, a espécie hospedeira ainda não é conhecida, mas pode ainda estar activa (ver imagem em baixo). No entanto, as autoridades do internacionais apontam a fonte de infecção no mercado de alimentos e animais vivos desta mesma cidade (Wuhan’s Huanan Seafood Wholesale Market). Tendo em conta que os primeiros casos da infecção COVID-19 foram detectados em pessoas que frequentaram este espaço, as autoridades locais encerraram-no a 1 de janeiro de 2020.
Esquema com as espécies hospedeiras de vários vírus e respectivas hospedeiros intermediários. Directa ou indirectamente, os vírus acabam por ultrapassar a barreira da espécie e infectam os humanos. De notar que a espécie hospedeira do novo coronavírus, também conhecido como o vírus de Wuhan (Wuhan CoV) continua desconhecida.
Adaptado de Timothy Sheahan, Universidade da Carolina do Norte.
Como é que a COVID-19 se transmite de pessoa para pessoa?
A COVID-19 é uma doença contagiosa e transmissível de pessoa para pessoa. Pode ser transmitida através de gotículas da boca ou nariz da pessoa infectada quando tosse, espirra ou fala. Podemos ser atingidos ou respirar estas gotículas que contém vírus mas também se sabe que estas podem permanecer em superfícies ou objectos. Ao ter contacto com locais que tenham sido atingidos por estas gotículas infectadas e, posteriormente ao colocar as mãos nos olhos, nariz ou boca podemos estar a introduzir o vírus no nosso organismo.
Embora estejam a ser estudadas outras possibilidades de transmissão, estas são as únicas formas de transmissão da COVID-19 comprovadas cientificamente.
Que cuidados devo ter?
Tendo em conta a novidade e os constantes desenvolvimentos, é importante estar atento às informações mais recentes sobre o surto de COVID-19, verificando sempre as suas fontes e veracidade das mesmas.
As precauções que deve assumir para evitar a infecção são:
lavar muito bem e regularmente as mãos com sabão durante, pelo menos 20 segundos, em alternativa, caso não tenha água e sabão disponíveis, utilize uma solução à base de álcool (a solução deve ter no mínimo 60% de álcool) - estes procedimentos vão eliminar eventuais vírus que tenha nas suas mãos;
manter uma distância de pelo menos 1 metro quando estiver em contacto com alguém - se tossir, espirrar ou falar evita que seja atingido por gotícula com eventuais vírus;
evitar tocar na cara, nomeadamente nos olhos, nariz ou boca - desta forma evita a introdução de eventuais vírus que estejam nas mãos no seu organismo;
adoptar e fazer com que as pessoas à sua volta adoptem uma etiqueta respiratória correta, ou seja, tem de cobrir a boca com o cotovelo quando tosse ou espirra. Em alternativa pode tapar a boca com um lenço de papel que deve ser imediatamente descartado. Assim está a evitar a libertação e dispersão de gotículas eventualmente contaminadas no ar;
fazer isolamento social: fique em casa sempre que lhe seja possível e evite sair de casa por motivos de menor importância. Só deve sair em caso de precisar de bens de primeira necessidade ou se tiver de ir trabalhar - o isolamento social é essencial e sugerido pelas autoridades nacionais de forma a evitar contágio;
ficar atento às informações recentes relativamente às directivas a adoptar e zonas a evitar, especialmente se fizer parte dos grupos de risco (pessoas idosas, com doenças crónicas, diabetes, problemas cardíacos ou pulmonares). Se pertencer a algum destes grupos de risco e contrair a infecção tem maior probabilidade de desenvolver complicações associadas a doenças pré-existentes.
Veja os materiais de divulgação e infografias da DGS (Direcção-Geral de Saúde) aqui:
Que sintomas estão associados à doença?
Os sintomas relatados pela maioria das pessoas infectadas são:
- febre (temperatura superior a 37,5ºC);
- tosse seca
- dificuldade respiratória associada a falta de ar
No entanto, em casos graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas (in DGS).
Não há vacina para esta doença? E os antibióticos?
Ainda não existe uma vacina para esta doença em particular, uma vez que o vírus responsável por ela é novo. No entanto, já se encontram em curso vários projectos de investigação para o desenvolvimento de uma vacina.
Os antibióticos não actuam contra os vírus, mas sim contra bactérias. Uma vez que a COVID-19 é causada por um vírus, o uso de antibióticos está obviamente descartado e não tem qualquer efeito na prevenção ou tratamento da doença.
O tratamento da doença, até ao momento, incide no alívio dos sintomas, sendo que os doentes em estado grave são hospitalizadas. É importante referir que a maior parte dos pacientes recupera graças aos cuidados de suporte.
Porque é que devo ficar em casa? Qual a gravidade desta doença?
Como este vírus é novo não existe ainda imunidade, ou seja, o nosso corpo não conhece este vírus e por isso não se consegue defender dele. Ao contrário do que acontece com o vírus da gripe que, apesar de sofrer mutações todos os anos, já existe aquilo que chamamos de imunidade de grupo e novas vacinas são desenvolvidas todos os anos.
Para além disso, sabe-se que o período de incubação deste novo vírus, ou seja, o tempo que demora entre contrair o vírus e a demonstração dos primeiros sintomas, pode chegar até aos 14 dias. O que significa que pode contrair o vírus de alguém assintomático (que não tem sintomas da COVID-19) e também pode infectar outras pessoas sem o saber.
Também é sabido que em alguns casos de COVID-19 são necessários cuidados hospitalares intensivos e os recursos hospitalares dos Serviços Nacionais de Saúde não são ilimitados, tanto a nível material como humano. Se a taxa de contágio for muito elevada poderá haver um colapso dos serviços hospitalares.
Em suma, tal como indica o gráfico em baixo o objectivo principal das medidas de contenção é diminuir a taxa de contágio de COVID-19 de forma a não sobrecarregar os sistemas de saúde.
É inevitável, no entanto, que existam casos da doença provocada pelo novo coronavírus, mas se estes casos forem mais distribuídos ao longo do tempo haverá, nos sistemas de saúde, recursos materiais e humanos disponíveis para todos os casos e, consequentemente, a taxa de letalidade do vírus será menor.
Gráfico que associa o número de casos de COVID-19 ao longo do tempo em duas situações diferentes: sem a adopção de medidas de protecção da população (a vermelho) e com a adopção de medidas de protecção da população (a azul). Também está representado o número máximo de casos que os Sistemas de Saúde tem a capacidade de receber (linha a tracejado).
Adaptado de CDC/The Economist.
Escrito com base nas seguintes fontes:
LINKS ÚTEIS
Página sobre o tema da DGS (Direcção-Geral da Saúde):
Página com as últimas informações sobre o tema da DGS:
Pagina com o ponto da situação em Portugal da DGS (em constante actualização):
Página sobre o tema da OMS (Organização Mundial de Saúde):
Página sobre o tema da Agência Nacional Ciência Viva:
Página com métricas globais sobre o tema (em constante actualização):
Página do Polígrafo, com notícias que sofreram fact-checking:
Página com informações sobre o tema do Município de Braga: